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2.2.15

Relato de parto

Oi pessoal, tudo bem?
Já fazia alguma tempo que eu queria relatar o meu parto para vocês, mas acho que faltava coragem. Depois de assistir o Renascimento do Parto, agora sim estou pronta. 
Vamos comigo?
Eu já tinha passado das 41 semanas de gestação quando, em 31.10.2012, fui fazer outra monitoragem, para saber como estava a bebê. Tinha trabalhado normalmente naquele dia especialmente quente e cheguei para almoçar na minha mãe com uma sensação de vazamento, que depois a enfermeira esclareceu ser do calor mesmo. A bebê estava bem, encaixada, bolsa ok, peso ok. A grávida? Não ok. Grávida cansada e pesada, fui proibida de dirigir até o nascimento. E
Em termos. Peguei minhas coisas, dirigi até o escritório, dei as últimas coordenadas e fui para casa. Naquele mesmo dia, à noite, percebi uma secreção rosa na calcinha e liguei para a obstetriz. "Seu tampão saiu", ela disse. Eu: "E agora?". "No sábado você tem monitoragem marcada, não é? Aí veremos como está sua dilatação, senão você volta pra casa". Eu: "Tá ótimo". 
Fui dormir, acho que dormi umas 14h aquela noite. No dia 1, meu marido foi trabalhar, e eu fiquei em casa, assistindo TV, no computador... Fiz mão, pé e depilação à tarde, ou seja, o dia passou num instante. Jantamos e fui dormir lá pelas 22h.
Às 2h acordei com uma urgência imensa de ir ao banheiro e fui, fiz o que tinha de fazer, e passou. Tomei água e voltei a dormir. Meu marido aproveitou e dormiu também. Dali meia hora eu acordei com uma cólica imensa e fui ao banheiro de novo. Como nada saiu, eu já desconfiei. A dor passou e eu fui deitar. 
Passada outra meia hora, outra cólica e daí em já sabia que não era cólica, era contração. Levantei, comecei a andar pela casa, acariciar minha barriga e, digamos, fazer alguns sons ritmados (uuuuhs e nã-nã-nãs - falar que eu cantei é exagero). Aproveitei para colocar em prática algumas posições da yoga e posso dizer que ajudou muito. Nem acordei o marido. Eu imaginei que ele fosse ficar ansioso para ir ao hospital e eu queria ficar o maior tempo possível em casa, caminhando e etc. 
As dores foram ficando menos espaçadas. Às 7h da manhã do dia 02, elas vinham em intervalos de 7-8 minutos e eu precisava entrar no chuveiro. Aí eu chamei o marido e com bastante calma avisei que precisava tomar banho, porque estava com muita dor. Nossa, como aquele banho foi ótimo!! Meu marido fez algumas massagens nas minhas costas e as dores ficaram mansas (rs). 
Logo depois do banho, ele, nervoso, pediu para eu ligar para meu pai nos buscar. Ele sabia que estava muito nervoso para dirigir. Liguei para minha mãe e depois para a obstetriz, que recomendou que eu ainda ficasse em casa até que as contrações estivessem de 5 em 5 minutos. 
Perfeito, daria tempo, acho, de meu pai chegar. Comecei a me maquiar, para desespero do marido (rs), e minha mãe recomendou que eu ficasse de quatro em cima da cama para aliviar as dores. Fiz isso, mas as dores começaram a ficar muito fortes, a ponto de eu não conseguir levantar sozinha. 
Liguei para a obstetriz, relatei que as dores estavam espaçadas em 6 minutos, mas que vinham com força. Ela perguntou em que posição eu estava. Quando eu disse "de quatro", ela me mandou ir ao hospital. Meu pai chegou logo em seguida. Forramos o carro com uma toalha, caso a bolsa estourasse, e percorremos o longo caminho de casa, na Zona Norte de SP, até o Einstein, no Morumbi (ainda bem que era feriado). Lembro-me de meu pai ter colocado músicas calmas para tocar e me lembro perfeitamente do Benny and the Jets do Elton John, que eu adoro. 
Chegamos no Einstein e aí veio a surpresa: estavam fazendo treinamento de catástrofe (!) e eu tive de entrar pela portaria principal. Passei naquele mundaréu de gente na cadeira de rodas até chegarmos no prédio da maternidade. Olha a cara de pata-choca!

Meu marido e meu pai foram checar a papelada e eu fui acomodada no pré-parto. A obstetriz me examinou e eu estava com 6cm de dilatação e contrações a cada 4 minutos. Ela me parabenizou por ter ficado em casa, porque quase nenhuma gestante faz isso. Disse que todo mundo vem correndo na primeira dor... rs
Acho que uns 10 minutos depois que eu cheguei - eu já estava bem fraca - chegou o anestesista. Chamei a minha mãe para explicar que eu não tenho o disco da coluna por onde justamente teria de passar a agulha da peridural (tirei aos 4 anos de idade, por conta de uma inflamação cuja causa se desconhece). Ele ainda deu uma aloprada na "situação", perguntando se eu estava preparada, eu ri e me sentei na cama para começarem. Juro que não senti nada, nada mesmo. Ele aplicou a peri sem problemas e na hora em que fui deitar na cama, tive uma contração bem forte, mas bem forte mesmo, e minha bolsa estourou. Em cinco minutos eu estava sem dor e só restava esperar. 
O assistente do médico se sentou na sala comigo, as luzes foram abaixadas e ele perguntou se eu queria tirar um cochilo. Eu agradeci e pedi um copo de água. Eram mais de 11h da manhã. Dali a pouco as dores reapareceram e só aí o médico examinou. Oba, 10cm! Reforçaram a peri e chamei meu marido. Vamos? Ele: vamos. 
Ele ficou do meu lado o tempo todo na sala de parto, com o celular a postos. Entrei ao meio dia na sala de parto. O anestesista ficou do outro lado e me orientava quando precisava fazer força. Fiz umas três vezes e aí parei. Fiquei uns 5min sem fazer força e perguntei o que aconteceu. "Calma", me disseram. "Dona Bia não quer sair, eita preguiça, rsrsrs", pensei. 
A obstetriz falou comigo a respeito da barriga alta e da necessidade de dar "um empurrãozinho". A tão conhecida manobra de Kristeller, que havia ajudado meu irmão a nascer, segundo a minha mãe. Não vi nada de violento nisso, apenas um procedimento normal para um caso a termo, com uma bebê que estava dando sinais de cansaço (em outros casos teriam feito cesárea, prontofalei). O meu obstetra subiu na minha barriga e deu dois empurrões.
Nem acreditei. Ao meio-dia e 46 minutos, pari a Beatriz, que foi colocada em meus braços com cordão e tudo. Chorei. Meu marido conta que viu ela sair e que ela evacuou assim que saiu, que loucura! Ele foi convidado a cortar o cordão, mas soltou um "vai fundo, grande" para o médico. 
A pediatra a examinou no meu colo e só depois ela foi pesada e medida. APGAR 10, 3kg560g e 50cm. Enquanto isto, saiu a minha placenta, me limparam, tomei apenas 2 pontos (!), e nos levaram ao pré-parto de volta. A obstetriz colocou a Beatriz para mamar e lá foi o bichão louco mamar. 
Subimos para o quarto e o resto é história. 
Foram 10 horas de dor e mais quase 03 no hospital. Eu achei rápido. A dor não é insuportável, ela é chata, porque vai e volta. E o final dela é incomparável: um bebê em seus braços.
Espero que tenham gostado!
XO 

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