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14.10.16

O início da nova etapa

Enquanto minha filha assiste a um desenho na sala, eu olho para a tela em branco e penso que passou da hora de escrever o nosso progresso com relação ao Distúrbio Específico da Linguagem. Muito ensaiei sobre escrever este post, talvez porque eu não estivesse com a ideia plenamente formada na minha cabeça. Ou fosse porque faltasse resolver um mal entendido familiar com todos os avós, que precisavam saber de tudo o que aconteceu antes do público.

Quando a Bia foi para o integral e se iniciou a "Guerra Fria" com meus sogros, decidimos que nada mais seria contado para eles. Passado um ano dessa decisão e com o tratamento fechado, contamos tudo detalhadamente e confesso que foi catártico. Tirou um peso das costas e foi maravilhoso receber o apoio deles para colocarmos nossa pequena no caminho.
Então, vamos desenhar esse mapa:
Desde que descobrimos o diagnóstico, em novembro do ano passado, nós fomos "os" inconformados.
Não era possível que era só aquilo, que se resolveria com um dia de fono na semana e período integral na escola. A Bia continuava desatenta e não estava "pegando" conceitos simples, que seriam "esperados" para a idade. 
Você conhece uma criança de 3-4 anos e ela conversa, narra, às vezes argumenta, desenha formas e costuma compreender comandos e rotinas. A Bia não fazia nada disso (aliás, hoje a conversa é bem limitada, embora os outros aspectos estejam de acordo).
Com essa preocupação e imaginando que fosse um problema comportamental, fomos a uma psicóloga (Mariana Russo, uma fofa!), que discordou desta nossa impressão e nos encaminhou para uma fono especialista em avaliações de crianças pequenas. Foi assim que conhecemos a Dra. Fabiola Mecca, do Audição na Criança. Ela conduziu inúmeros testes na Beatriz, divididos em três sessões, e pediu um exame chamado Bera, que mede as emissões dos sons no cérebro.
Com tudo isso em mãos, ela concluiu que a Bia, embora escute perfeitamente, processa mais devagar as informações, o que pode ser corrigido com estimulação específica. O diagnóstico foi, então, Distúrbio Específico da Linguagem com Transtorno de Processamento Auditivo Central (TPAC). Isto justifica com precisão o atraso de fala e a desatenção, que havia provocado um subdesenvolvimento motor gráfico também.
Ela nos recomendou, então, que continuássemos com a fono da linguagem, mas que procurássemos uma fono especialista em audição e uma terapeuta ocupacional especialista em integração sensorial. A integração serviria para ligar os comandos recebidos via ouvido externo com o cérebro, para que a Bia agisse de acordo com o som recebido (em termos da aqui leiga). Manter o contato visual era também muito importante e todas estas orientações foram passadas à escola. 
Assim, começamos nossa busca, em primeiro lugar, pela TO e encontramos a Dra. Karina Frias Frederico, próximo de casa, que é uma fofa e por quem a Bia é apaixonada. A adaptação foi difícil, mas o resultado é impressionante. Com dois meses de terapia (estamos agora indo para o quarto mês), a Bia começou a falar frases completas e a entender os combinados (por exemplo, primeiro a comida, depois a televisão, sempre seguida do "combinado?"). A sua atenção nas atividades também melhorou muito e, aliás, já está reconhecendo seu nome e algumas letras. Hoje ela entra sozinha na sala e fica uma hora na terapia. Este é um exemplo do trabalho da integração sensorial ou, como eu chamo, fazer várias coisas ao mesmo tempo:
Neste meio tempo, começamos nossa saga pela fono. Com orientação da Dra. Fatima Branco, professora especialista no TPAC e após reuniões com a nossa fono (Dra. Vanessa Santos), chegamos à Dra. Ana Lucia Nogueira, com quem estamos há um mês. O trabalho é bem mais técnico, com reconhecimento de letras, sílabas e fonemas, porque estes últimos não são coerentes na fala da pequena. A Bia aceitou super bem, está fazendo os exercícios e entra sozinha. Como eu disse lá em cima, ela reconhece seu nome!
Sabemos que o problema dela é provavelmente passageiro e não decorre de causa orgânica, o que nos tranquiliza muito. Mas eu já passei várias noites sem dormir pensando o que mais podemos fazer ou o que deixamos de fazer lá atrás que pode ter causado um sensível atraso (minha psiquiatra até redobrou os cuidados). Cada pai tem sua cruz. Nosso trabalho é diário e comemoramos todas as conquistas.
O mais importante é que temos convicção que agora estamos no caminho. Ou melhor, que ela está e vai ficar bem
Espero que tenham gostado!
XO
P.S. Os contatos das profissionais estão à disposição. Basta pedir nos comentários :P